quinta-feira, 15 de abril de 2010

Um cego, vários rifles e algumas sinalizações gráficas

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[uma fita de cetim basta para partir ao meio uma lagarta]
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Esse silêncio são tiros, estrondos, disparos. risos nervosos, vertigens, tosses, catarros. diarréias, apneias, fastios; enjôos, escarros, cansaços. Ora vejam, tantos dias omissos, não há perdão. Então, OK, vamos pelo drama. Mas também não há razão para encher vazios, perdidos os cegos ao acaso. Tiroteios: correr então? Se não há luz, melhor o chão. Deitados os tiros passam desimpedidos, cortando não mais que ventos, a carne não. Refugiar-se na lama, na grama, na fossa. Os fossos podem salvar. Escudos, que salvem a pele, a pele a cubrir os ossos, os ossos a engendrar o corpo, o corpo a organizar a alma, a calma a aquietar o medo, o medo dos mesmos disparos, estilhaços na escuridão. Um cego em meio a tantos olhos; um cego, para tantas possíveis balas. Há balas que vem de ontem, das marcas mal apagadas. As marcas dos desjuízos, latindo pelos estragos; de frente, qualquer estranho, a performance de um bom soldado. Contrata-se um bom menino, vestido de bons sapatos. Cabelos são bons currículos, roteiro seguido, impulsos [a custo e a graça] controlados. De frente a qualquer estranho, vontade de romper o plano, fazer ridículo, morrer de rir, inapropriadamente. De nada vale o compromisso, horas certas, cara engomada, se o cego suplica o olho, se o olho não lhe serve nada. De tanto fugir das balas, vontade de agarrar valente, com a testa na contra-mão. Depois não haverá ESSE silêncio, nem ESSA quietude, nem ESSAS esperas. Cessam-se os zelos de comportamento, os constrangimentos, as perseveranças. Pode ser que se instaure um BOM silêncio, de calmaria, sereno, limpo, silêncio boa gente. Embora não creia muito nesse silêncio plácido, livre de esquizofrenias e branco [ou preto, ausência de luz]. Pois bem, – enfim, portanto e não se dê tantas voltas ao camarada já esteja este tão perdido – há um cego, um tigre e uma multidão de olhos. Ou mais justo, um cego [sem eufemismos] vários rifles e algumas soluções escritas, diagramadas, desenhadas, a qualquer idioma, gráfico, óbvio, explícito... que não em braile! Um vidente não fará falta para adivinhar o bonito fim. Ainda que tantos panfletos inexplicavelmente cheguem às mãos em péssimas horas. Não fará falta nenhuma arte ou gene ou espiritualidade ou super inteligência para saber os desenlaces. Ou revelar um mistério tão óbvio e sem sentido como esse. Por isso, tantos e tantos e tantos e tantos papéis evitados.