sexta-feira, 22 de outubro de 2010

justa(e)posta

Hoje desejo ser profunda e menos abrangente. Penetrar como broca, ferindo, doendo às vezes. Não sempre, porque à intensidade não suporto permanência, desejo hiatos. Flashes, rápida e lentamente, dançando, seguindo. E de oscilações, criamos ritmos, eu e minha justaposição. De extremos entre o fundo e o raso (apenas para os descansos da alma), danço o corpo, danço-avanço por umbrais. Os umbrais se movem, movo-me com eles. Danço. Hoje sou exatamente o que gostaria de ser.


Morocco & Spain from Mike Matas on Vimeo.

sábado, 16 de outubro de 2010

para celebrar elefantes mortos

Os dias despetalam enquanto corro. Apenas toco pétala a pétala sem passar os dedos. Fibras vão. Retratos, automóveis, escadas, textos, resultados (!) – abstratos quase sempre. Quase colapsos además, reinvidico-me extremos. De pensar morro sentada, com termos, cores e tocas, dessacralizando o pensamento, ou os pensamentos transversais. Alinhando, deflorando idiomas alheios, ponho palavras em caixas de ovos. A mão socorre o rosto: apoia pelo queixo, alisa o topo, comprime as bochecas pálidas, oculta os estragos. Mão cortina. Os olhos mais cansados, o corpo se avisa menos tolerante. Ainda não sinto pólen a enfadar-me o nariz. Mas são dias de outubro, sobram não mais que dedos na garrafa. [Tempranillo] Quase fim de ano, quase fim de todos os ciclos importantíssimos. Cumprir-los? Redenção. São plumas sob costas exaustas; como num sábado, findar-se ao travesseiro.


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[sol rojo al fin de días oscuros; foto: júlio paiva]