domingo, 9 de fevereiro de 2014

Brasileiramente românticos

[Dedicado ao meu querido amigo Clau, quem tanto já me ensinou sóis em tempos de trevas. Pelo privilégio em acompanhar coadjuvante -em papel de Cintura Fina, braços dados à diva- uma de suas epopéias de amor; por sua persistência em ser feliz e recusa em não sê-lo; pela inspiração e força para travar minhas próprias batalhas]


A modo de Heloísa por Abelardo: contra regras e tratados, ir.  Mãos lavradas na terra, em versos de Benedetti. Espírito e prosa Hilda Furacão. Orquestrando noviciados da paixão de Hilst, <<vorágines>> de Caio, Terrais de Ednardo, melancolias de Gonzaguinha, Canteiros de Fagner, cantos de Vinícius, cantos de sereias; cantos [IX] de Ariana para Dionísio; CANTOS-PRANTOS-TANTO; completamente passionais. Jamais passivos. Ativos, fazemos a vida fincando unhas. Guiados por deuses ambivalentes. ODOYÁ! A outros olhos culturais, talvez algo irracionais, ansiosos, supersticiosos, intempestivos demais. Amuados às vezes, por oscilação de ser, aflorando as amplitudes e cearensidades, complexas e conflitivas, narradas em patativas-fibras-rapaduras. Somos filhos de Iracema, às corridas pelo Mucuripe, com o colonizador deslumbrado que não alcança símil ebulição nas veias. Também do rir-para-não-chorar. Humor das almas em frangalhos. Por equilíbrio dos temperamentos, hospitalidades. Para respirar as vertigens. E nessa educação do agrado [ah!], nisso nos esmeramos. Tropicamos. Somos carinhosos e cálidos, ou aguerridos, se o mundo pede. Embora lutemos por serenidades. Caminhamos pelas tormentas com guarda-chuvas baratos, que se reviram a qualquer sopro, deixando molhar –e queimar- toda a pele. Aceitamos os incêndios. Então, alçamos as calças, empunhamos sandálias e descalços –e então despidos- cruzamos avenidas convertidas em rios, arriscando contaminações, feridas, deslizes, marcas e, assim, pisamos em pedras pontiagudas com pés rachados; desafiando, reivindicando, reinando castelos de areia. De modo que seja, a ideia será sempre chegar ao outro lado da avenida. Caminhamos cantando, agudos e desafinados, por Yrigoyen, por calçadas estrangeiras, ou recitando Cântico Negro em mesas de restaurantes caros. Em domingos católicos, enquanto a maioria descansa, vamos à luta. VALE O REBULIÇO, hemos de dizer depois diante dos espelhos. Porque estes, os enfrentamos para reconhecermo-nos ciclicamente; vai bem mais além que um preciosismo estético. [Leia na minha camisa, baby, ou nos meus olhos-cristais]. O complicado é normal para nós, <nos tiramos en piletas>, se vazias, band-aids depois. Frontais, impulsivos, atentos, VÍ-VI-DOS. Embebidos de chorinhos, bossa nova, boleros, carimbós,,, para resgatar –ou triturar ainda mais- os corações avassalados. Parnasianos, capaz, por trânsitos breves. Pacientes, também, mas em geral por estratégia, perseverança ou percepção de assuntos que demandem maior delicadeza. Podemos recuar, não há covardia nisso. Nesse caso, não confundir arrebato de paixão com disponibilidade do corpo-alma [para apropriar-me de estruturas de Clarice]. Nunca mornos, nunca beges, nunca opacos; não queremos tantas voltas, não queremos tanto-faz, nem SEs, nem algum-dia-quem-sabe. Vamos até as últimas consequências, A-GO-RA. Porque os sentimentos podem ser efêmeros demais e, de certa forma, sempre são fugazes no que são. Aos românticos, há algo de sagrado em dar vida às miragens, quando -à Pepe Le Pew- sentimos jasmins em esquinas no ápice dos perfumes. 






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