[Dedicado ao meu querido amigo Clau, quem tanto
já me ensinou sóis em tempos de trevas. Pelo privilégio em acompanhar
coadjuvante -em papel de Cintura Fina, braços dados à diva- uma de suas epopéias de amor; por sua persistência em ser feliz e
recusa em não sê-lo; pela inspiração e força para travar minhas próprias
batalhas]
A modo de Heloísa por Abelardo: contra regras e
tratados, ir. Mãos lavradas na terra, em versos de Benedetti. Espírito e prosa Hilda Furacão. Orquestrando noviciados
da paixão de Hilst, <<vorágines>> de Caio, Terrais de Ednardo, melancolias
de Gonzaguinha, Canteiros de Fagner, cantos de Vinícius, cantos de sereias; cantos [IX] de Ariana para Dionísio; CANTOS-PRANTOS-TANTO; completamente
passionais. Jamais passivos. Ativos, fazemos a vida fincando unhas. Guiados por
deuses ambivalentes. ODOYÁ! A outros olhos culturais, talvez algo irracionais, ansiosos,
supersticiosos, intempestivos demais. Amuados às vezes, por oscilação de ser, aflorando
as amplitudes e cearensidades, complexas e conflitivas, narradas em
patativas-fibras-rapaduras. Somos filhos de Iracema, às corridas pelo Mucuripe,
com o colonizador deslumbrado que não alcança símil ebulição nas veias. Também
do rir-para-não-chorar. Humor das almas em frangalhos. Por equilíbrio dos
temperamentos, hospitalidades. Para respirar as vertigens. E nessa educação do
agrado [ah!], nisso nos esmeramos. Tropicamos. Somos carinhosos e cálidos, ou
aguerridos, se o mundo pede. Embora lutemos por serenidades. Caminhamos pelas tormentas
com guarda-chuvas baratos, que se reviram a qualquer sopro, deixando molhar –e
queimar- toda a pele. Aceitamos os incêndios. Então, alçamos as calças,
empunhamos sandálias e descalços –e então despidos- cruzamos avenidas
convertidas em rios, arriscando contaminações, feridas, deslizes, marcas e, assim,
pisamos em pedras pontiagudas com pés rachados; desafiando, reivindicando,
reinando castelos de areia. De modo que seja, a ideia será sempre chegar ao
outro lado da avenida. Caminhamos cantando, agudos e desafinados, por Yrigoyen,
por calçadas estrangeiras, ou recitando Cântico Negro em mesas de restaurantes
caros. Em domingos católicos, enquanto a maioria descansa, vamos à luta. VALE O
REBULIÇO, hemos de dizer depois diante dos espelhos. Porque estes, os enfrentamos para
reconhecermo-nos ciclicamente; vai bem mais além que um preciosismo estético. [Leia na minha camisa, baby, ou nos meus
olhos-cristais]. O complicado é normal para nós, <nos tiramos en piletas>, se vazias, band-aids depois. Frontais,
impulsivos, atentos, VÍ-VI-DOS. Embebidos de chorinhos, bossa nova, boleros, carimbós,,,
para resgatar –ou triturar ainda mais- os corações avassalados. Parnasianos, capaz, por trânsitos breves. Pacientes, também, mas em geral por estratégia, perseverança ou percepção
de assuntos que demandem maior delicadeza. Podemos recuar, não há covardia
nisso. Nesse caso, não confundir arrebato de paixão com disponibilidade do
corpo-alma [para apropriar-me de estruturas de Clarice]. Nunca mornos, nunca
beges, nunca opacos; não queremos tantas voltas, não queremos tanto-faz, nem
SEs, nem algum-dia-quem-sabe. Vamos até as últimas consequências, A-GO-RA. Porque
os sentimentos podem ser efêmeros demais e, de certa forma, sempre são fugazes
no que são. Aos românticos, há algo de sagrado em dar vida às miragens, quando -à
Pepe Le Pew- sentimos jasmins em esquinas no ápice dos perfumes.
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