- Tia, onde é que você mora, hein?
- Meu amor, nesse momento essa é uma pergunta
filosófica. Agora estou aqui.
- Então você mora no aqui e agora?
- É.
Enquanto passagens, passeio e flano por horizontes descontínuos.
Das distâncias,
Dos ritos,
Das despedidas.
Depois de arreganhar bisagras:
[fadiga de ir e vir]
Entre portos,
[fadiga de deixar]
Abandonar (partir) e abandonar-se
(ficar);
Tomar a vida pelas ancas, outra e
outra e outra vez.
[fadiga das resiliências]
Ver o
mar,
Perder tempo com ele,
Saber-se parte e aparte.
[fadiga de acompanhar]
Alisar seus cabelos-espumas,
Brilhantes e esmeraldas, dos verdes
mares mais verdes,
E especialmente prateados (e
presenteados) pelas oito da manhã desses cotidianos líricos.
Contra dom à Rainha: seremos sempre
gratos ao universo e aos orixás,
Pelos encontros-flores; carinhos
n’alma,
Assim também pelas dores; cólicas
n’alma.
Porque embora quase insuportáveis,
suportamos.
Arrancamos as pétalas, lavamos as pedras e cultivamos as
plumas.
Aprendemos: seremos sempre gratos
aos caminhos,
Ainda que
tortuosos-pedregosos-obscuros.
[fadiga de seguir, e seguir entretanto]
Saudar o mar de invisíveis
caravelas,
Então reluzir no corpo as
inteirezas e os mantos
Manter a aura amarela,
Enquanto as bordas do oceano
Ainda são paralelas.
Olhar as estrelas, com fé de que
serão vértices ressonantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário