domingo, 7 de junho de 2009

on air

Horas poucas, idéias tantas; se vai o dia, nada escuta. Grita: ainda não terminei! O dia vai, em qualquer caso, vai, alguém fica des-sintonizado, des-sincronizado, deixa para amanhã. Deixa para amanhã, toda a vida, ‘toda vida’ nunca cabe hoje, todavia tenta, mas deixa para depois. Hoje é café, pão, louça, cama. Hoje é passo, amanhã é corrida, comida agora. Comigo agora. Todo dia corro, morro, arranco ar negro esfumaçado do umbigo, perco as mais lindas histórias, perco as mais macias pétalas, pétalas, asas amareladas. Uma nova novela na cabeceira. Perco também meu romantismo lindo e ridículo precioso. Escuto essa canção, escuto minha voz, escuto o tempo frio que entra pela janela. Outro tempo, o de fora. Leva esse tempo de dentro, devora, fim da linha, fim do dia, desisto, desiste-se. Desiste o dia. Des-existe. Deixa para amanhã. A vida para amanhã. Agora, guerra. On air. "Air" para os bravos olhos adormecidos. De cansados, descalçados e aflitos.



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