sexta-feira, 24 de setembro de 2010

solzinho ovo poché

Sim, só palavras. Funis, palabras. Um vocabulário restrito para uma avalanche de abstratos! Tantos abstratos correm, derramam, queimam...arde não dar vida, viva o pensamento que verteu palavra. Angústia que antecede o dito – respiro, recolho, quase páro – e explodo os dedos, locutores preferidos. E dizer é pedra, no olho que olha a 180º, rasante, com piscar escasso, alertíssimo enquanto aberto, seco, duro, ovo. Um ovo por dia: não há sentido (em) qualquer palavra. Por isso a dor, o silêncio de escrita quase obriga o silêncio verbal – EM MIM – por dios! Que difícil permitir um EU num texto, num canto, no mEU canto protegido, defendido, recuado. Ter que dizer em trilhos, bulas, castelos e viagras. Conter paixões arrebatadas; pelo vermelho vivo do querer dizer escarlate, calar, medir, REpresa. O silêncio incomoda, a multidão comenta; mas há uma conversa transparente a olhos que buscam não mais que pedras. Converso com o sol: sussurra amarelinho, esse sol tão temperado, meio ovo poché. Ovo, como como seja - Menos cru – mole, cozido, poché, mexido, omelete, frito. Frito! Como sol dos trópicos, mEU sol ardente, fogo, oleoso, incêndio, alegre. Palavras são só palavras, ainda que quando ausentes. Mas – pensando exaustivamente – como suportar guardá-las? Delas, coleções. Aqui as tenho, descontroladas. Portanto se derramam às vezes, tantas, vulcônicas e exageradas. Um lance de extremos; gotas ou tempestade.


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[foto: júlio paiva]

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