domingo, 12 de junho de 2011

Uma pétala de coentro, entre o palato e a língua

Tem-se cultivado com as pétalas caídas [auto-agricultura íntima]. Contidas apenas em brado; a estação é de reserva, cisternas, resguardo. Chovem outras chuvas, os córregos abaloam as durezas, resultam seixos rolados. Sínteses, entanto, áspero, às vezes, ácido, então, vazios. As asperezas do necessário [fazer o que há de ser feito], os passos que não sejam aflitos; querentes, não desesperados; antes de fome, não de miséria, as pétalas são apenas vestígios. Amareladas as pontas das pétalas, a terra ainda é pobre, a guerra ainda é hoje, o sangue, ainda corre. Ainda dentro. Circula, ainda assim, embora se creia frio, [¡es que no!] arde ainda, avermelha-se fogo, o azul quase finda. Azul dos sentidos comuns, segue morrendo e nascendo pétala, otimizado o aproveitamento, essa coisa auto-suficiente, auto-existente, auto-exigente, auto-ecossistema e ínfimo, my time, my lord, it´s a long way. São asas caídas essas pétalas-adubo, pouco coloridas, íntimas, rascunhos; pétalas excremento, de força mais que beleza. As forcas evitam-se, bem como os látegos. O pescoço ainda lamenta um colar de marcas, asfixias, querelas. Pérolas nos lóbulos e nas entranhas, são delas, são elas: pétalas auto-combustíveis. Nos ombros restam manchas estranhas, da intriga de um a um. De si a si. De peito a peito. Do gineceu, aquietam-se os pareceres, no fim são menos juízos, dizeres... e menos torpezas, então menos armadilhas, my time, my lord, my sense; mi tiempo se desmenuza negro y perfumado en el colador: dias alternos de café colombiano. De outra sorte, são dias não tão alternos, my time, my sense, my world. Tem-se cultivado tantas coisas e tantos lábaros, oh baby já se evita pensar nas saudades – inclusive as mais abstratas e estranhas, inclusive de amados íntimos desconhecidos. Não me venhas com mambos. Por dentro há poços mais profundos que meus olhos, mais sangrados que meu payot escarlate. Que não sejam duros os olhares [entretanto], entre tantos sacrifícios. O sangue que permaneça por dentro. As pétalas que alimentem esse peito ruminante, so hot, so live, so red. Ainda que todo esse silêncio seja apenas um desalentado grito [sejamos tolerantes ao lugar-comum, no fim os clichês foram um dia vividos]. My time, my space, meu labirinto;;; essa retórica de variáveis.

...

Uma pétala de coentro para muitos dias, entre o palato e a língua, minuciosamente saboreado.



Photobucket

[foto: Júlio Paiva]

Nenhum comentário: