sexta-feira, 17 de outubro de 2008

à mola

É o espiral contínuo, da minha sina espiralada. Espiral torbellino, espiral fio de telefone. Vertical, horizontal, diagonal - é o ciclo espiralado, esse padrão de ser; a alegria e a amargura em uma mesma fração de tempo. Oscilo, canso desse eterno contínuo descontínuo. E, é inútil fugir, está – ademais do juízo – em todas as partes. Está no percurso do pirocóptero, no fluxo da água pelo ralo, nos cabelos da Ceiça, no fusili, no movimento da poeira na calçada, na fita da ginasta. É espiral o que falta nos meus apuntes, más há no meu caderno; no caminho da agulha da radiola deixada em Fortaleza, no pirulito colorido deixado na infância. Um furo pode causar um espiral, essa é uma boa razão para se ter escapes! É o símbolo exato da confusão, da tontura, do desmaio... Um pouco de Persépolis, um pouco de Bordieu. Desvios, do meu leve estrabismo, da minha leve escoliose, do meu leve desalinho de costelas. Desvio, porque não é reincidente perfeito, posto que ainda que o eixo seja fixo, há um ligeiro deslocamento de trajetória, a variáveis. A incertezas. Incertitumbres... Uma mola por uma pausa! Pois os dias se vão a espirais!

Esse, definitivamente, é o relato de quem não tem segunda-feira, mas também não tem sábado, nem domingo. Está num eterno contínuo descontínuo de uma, digamos, quarta-feira. No meio da mola, no meio do indo, eterno meio da semana, ¡que miércoles! Assim se lança à rua o eufemismo de uma velha expressão. Um respiro permitido. De escape. E de sapatos.

Photobucket

Nenhum comentário: