sábado, 16 de outubro de 2010

para celebrar elefantes mortos

Os dias despetalam enquanto corro. Apenas toco pétala a pétala sem passar os dedos. Fibras vão. Retratos, automóveis, escadas, textos, resultados (!) – abstratos quase sempre. Quase colapsos además, reinvidico-me extremos. De pensar morro sentada, com termos, cores e tocas, dessacralizando o pensamento, ou os pensamentos transversais. Alinhando, deflorando idiomas alheios, ponho palavras em caixas de ovos. A mão socorre o rosto: apoia pelo queixo, alisa o topo, comprime as bochecas pálidas, oculta os estragos. Mão cortina. Os olhos mais cansados, o corpo se avisa menos tolerante. Ainda não sinto pólen a enfadar-me o nariz. Mas são dias de outubro, sobram não mais que dedos na garrafa. [Tempranillo] Quase fim de ano, quase fim de todos os ciclos importantíssimos. Cumprir-los? Redenção. São plumas sob costas exaustas; como num sábado, findar-se ao travesseiro.


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[sol rojo al fin de días oscuros; foto: júlio paiva]

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