quinta-feira, 8 de março de 2012

Quando os olhos profundos encontram a superfície

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Perdi um diário pelo mundo; os dias que foram se foram outra vez. Voaram das caixas, gavetas, malas, idas e vindas, nuvens, com um sopro de invisibilidade. Há um rastro serpentina por areias frias, restam sulcos cansados. Perdi e nem idéia do paradeiro, cabelos para trás, mandíbulas à mostra. Enfim estes olhos profundos vão à superfície, em salto desesperado, olhos planos sem qualquer artifício, maquiagem, máscaras de camomila, nem cremes de rosa mosqueta. Perdi certos dias, feitos para serem lembrados em outros, mediante pétalas recolhidas, em um diário de capa de xita. Xitinha: flores pequeninas, brancas, azuis, amarelas, em fundo vermelho sangue. E ditos com gosto de sangue, cheiro de sangue, formas de sangue, riscos, mortes: um cemitério de pensamentos falecidos em palavras. Há, de todo, um capricho do tempo, e das geografias. GPS nos marcadores, [[OJO]] dois olhinhos e um nariz –xereta!-, para localizar minhas partes espalhadas pelo mundo. São restos de: unhas, pêlos, cílios, suores, espinhas, peles, caspas, larvas, dores, cafés, cinzas, embalagens, cuspes, capas, cascas, escamas, lamentos. Os dias guardados para iluminar a existência: para ler-se e desconhecer-se depois, ou reencontrar-se, odiar-se, amar-se, entre outros reflexivos.

Para ser um ano bom; um carinho diário aos dias. E mais silêncio.


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